As chances de vitória das mulheres negras candidatas a deputada estadual no Brasil (2014-2022)

Resumo

 Tendo em vista a sub-representação das mulheres negras nos espaços da política institucional, o objetivo, com este artigo, é observar as eleições de 2014, 2018 e 2022 nos 26 estados brasileiros. Busca-se, por meio de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE, tratados em linguagem R, analisar quais são as chances de sucesso eleitoral das candidatas pretas e pardas, comparando com as taxas de concorrentes brancas, negros e brancos. Foram consideradas as variáveis de gênero e raça e a abordagem metodológica, portanto, é quantitativa e interseccional. O principal resultado encontrado é a confirmação de apontamentos teóricos que sinalizam as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, mas principalmente pelas negras, na conquista do mandato eletivo. Elas têm, em média, seis vezes menos chance de conquistar uma vaga no legislativo estadual quando comparadas com as possibilidades dos homens brancos. Embora demonstrem disposição e capacidade para participar das campanhas eleitorais e dos processos deliberativos, pretas e pardas integram o grupo com a menor proporção de vitórias entre as candidaturas. Esses dados evidenciam a desigualdade nas condições de disputa eleitoral e confirmam a necessidade de aprimorar o debate sobre a representação parlamentar.