Barreiras na representação de mulheres em Goiás: um estudo sobre as Câmaras Municipais em 2016 e 2020

Leonardo Aires de Castro, Jéssica Da Silva Dantas, Fernando Freire Vasconcelos, Jonas Modesto de Abreu

Resumo


A presença feminina na política brasileira, embora amplamente discutida, ainda enfrenta desafios de representatividade. Em Goiás, isso é evidente, com apenas 16% das mulheres ocupando cargos de vereadoras, segundo dados do TSE de 2020. Esse número reflete a situação nacional, com o Brasil classificado em 140º lugar em representação feminina no parlamento global. A sub-representação das mulheres vai além da ausência de representantes, afetando a atenção a demandas específicas e perpetuando estereótipos de gênero. O artigo analisa a representação política feminina nas Câmaras de Vereadores de Goiás de 2016 e 2020, considerando variáveis como gênero, classe social e cor. Utilizamos análise quantitativa com regressão Probit e OLS para examinar as barreiras institucionais ao engajamento feminino, com variáveis independentes, como gênero, cor, despesa de campanha, incumbência, idade, ideologia e estado civil. O objetivo foi identificar os desafios e impactos dessa sub-representação, propondo soluções para aumentar a participação feminina. Em Goiás, variáveis como ideologia partidária, gênero, grau de instrução e incumbência mostraram-se influentes nos resultados eleitorais, mas o modelo explica apenas uma fração da variação, indicando a relevância de outros fatores.


Palavras-chave


Gênero; Legislativo; Métodos Quantitativos; Mulheres

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Revista do Legislativo Paranaense ISSN: 2595-6957